Bem,
essa é a primeira de 3 postagens introdutórias sobre neurônios espelho, espero
que gostem.
Os
neurônios espelho foram descritos pela primeira vez em 1996 por Rizzolatti e
cols. Foram denominados neurônios espelho uma das duas classes de neurônios
visuomotores situados na área pré-motora (F5) de macacos Rehsus. Esses
pesquisadores demonstraram que tais neurônios da área F5, que eram ativados
quando o animal fazia um movimento com uma finalidade específica como (pegar
uvas passa), também eram ativados quando o animal observava um outro indivíduo
(macaco ou ser humano) realizando a mesma tarefa.
Diversos
estudos de neuroimagem, entre eles, o de Buccino e colaboradores em 2004 e o de
Fadiga, Craighero e Olivier em 2005 observaram ação semelhante à encontrada nos
macacos em seres humanos, sugerindo a presença de um Sistema de Neurônios
Espelho (SNE) nas áreas corticais fronto-parietais. Nos seres humanos, alguns
estudos utilizando PET e fmir,
observaram que o SNE está localizado em diversas áreas corticais
fronto-parietais, como também a área de Broca; o que pode sugerir que os
neurônios espelho podem ter
contribuído para a gênese da linguagem humana, servindo de base para a apropriação simbólica de atos motores.
contribuído para a gênese da linguagem humana, servindo de base para a apropriação simbólica de atos motores.
O
SNE simula a ação observada, pois a transmissão neuronal será facilitada para
os músculos que serão responsáveis pela realização das tarefas. Os neurônios
espelho foram associados a diversas modalidades de comportamento humano:
imitação, aprendizado de novas habilidades e leitura da intenção em outros
humanos e sua disfunção poderia estar envolvida com a gênese do autismo.
Em
1996, um pesquisador Indiano chamado Vilayamar S. Ramachandran utilizou uma caixa
de espelho a fim de aliviar a dor no membro fantasma de pacientes amputados e
posteriormente por Altschuller (1999), para a reabilitação do membro superior
de pacientes pós AVE. A técnica que surgia constituía-se na utilização de um
espelho, posicionado na linha média do corpo, no qual o paciente irá mobilizar
o membro sadio. Os movimentos do membro sadio refletidos no espelho
transmitirão a percepção de que o membro afetado está se movimentando, gerando
assim um feedback visual positivo concorrendo contra o feedback visual negativo
gerado no início do quadro clínico do AVE, por exemplo (VÍDEO). Acredita-se que nesta
terapia, haja recrutamento dos neurônios espelho. Estes neurônios envolveriam
interações entre modalidades múltiplas, visão, comandos motores e propriocepção.
A
terapia de espelhos ainda está sendo estudada em diversas áreas de reabilitação
física para pacientes com hemiparesias e hemiplegias e para dor; como também há
diversas pesquisas surgindo sobre neurônios espelho (associação com a empatia,
esquizofrenia e autismo), mas a sua aplicação e essas associações com os
neurônios espelho serão discutidas na continuação desse post, muito em breve.
Até
logo.
Referências:
1 - BUCCINO, G.,
BINKOFSKI, F., RIGGIO, L., The mirror neuron system and action recognition. Brain
and Language, v 89,
p 370–376, 2004.
2 - FADIGA, L.,
CRAIGHERO, L., OLIVER, E., Human motor córtex excitability during the
perception of other’s action. Current
Opinion in Neurobiology, v 15, p 213 – 218, 2005.
3 - FRANCESCHINI, et al., Mirror Neurons:
Action observation treatment as a tool in stroke rehabilitation. Eur J Phis
Rehabil Med, v 46, p 517 – 523, 2010.
4 - RIZZOLATI, G., FOGASSI, L., GALESSE, V.,
Neurophysiological mechanismsunderlying the understanding and imitation of
action. Nature Reviews Neuroscience, v 2, p 661 – 670, 2001.
5 - HAUSER, M.,
HICKOK, G., (Mis)understanding mirror
neurons. Curr Biol, v 20, n 14, p 593 – 594, 2010.
6 - RIZZOLATTI, G.,
et al., Premotor cortex and the recognition of motor actions. Cognitive Brain Research, v 3, n 2 p
131 – 141, 1996.
7 - RAMACHANDRAN, V. S.,
ALTSHULER, E. L. The use of visual feedback, in particular mirror visual
feedback, in restoring brain function. Brain,
v 132, p 1693 – 1710, 2009.
Super interessante, André! Inclusive vi na Scientific American uma teoria sobre o autismo. Crianças com tal doença tem dificuldade de interagir socialmente porque seu sistema de neurônios espelho não funciona adequadamente. A verdadeira causa ainda continua um mistério, mas enquanto ele não é desvendado, essa especulação oferece uma base super útil para as pesquisas.
ResponderExcluirExatamente, ainda há muito pra ser pesquisado sobre os neurônios espelho. Há algumas teorias sobre a relação desse Sistema de Neurônios tanto no autismo quanto na esquizofrenia e também relacionado com a empatia.. mas esse é um assunto para os próximos posts. :D
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